ATA
DA TRIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.10.1990.
Aos
dezoito dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Trigésima Primeira Sessão Solene da ‘Segunda Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura, destinada a assinalar os cento e vinte e um
anos de existência do Mercado Público de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte
e um minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que
conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades convidadas. Compuseram
a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr.
Antônio Dias de Mello, Presidente da Associação do Mercado Público de Porto
Alegre; Sr. Cláudio Klein, Vice-Presidente da Associação do Mercado Público de
Porto Alegre; Dr. Hélio Corbelini, Secretário do Governo Municipal,
representando o Prefeito Municipal; Dr. Milton Pantaleão, Secretário em exercício
da Produção, Indústria e Comércio; Sr. Silvino Gomes Novo, Diretor do
FUNDOMERCADO; Sr. Ernesto Teixeira, Diretor Administrativo da CEASA; e Ver. Ervino Besson, Secretário "ad hoc". Em
continuidade, o Senhor Presidente, Ver. Valdir Fraga, como autor da proposição
e em nome das Bancadas do PMDB, PTB, PCB e PL, discorreu sobre os motivos que o
levaram a propor esta homenagem, salientando o aspecto histórico e atrativo que
envolve o prédio e o espaço do Mercado Público de Porto Alegre. Parabenizou os
permissionários daquele espaço, asseverando que eles, juntamente, com o espaço
que ocupam na vida da Cidade, participam do aspecto turístico e escrevem a
história desta Capital. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra
aos oradores que falariam em nome da Casa. O Ver. Clóvis Ilgenfritz, em nome da
Bancada do PT, falando sobre o clima cordial, contagiante e aprazível que graça
nos espaços do Mercado Público, congratulou-se com o Ver. Valdir Fraga pela
oportuna homenagem e discorreu sobre os aspectos de monumento histórico daquele
prédio. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, regozijou-se diante da
homenagem prestada ao Mercado Público de Porto Alegre, salientando o trabalho
de reestruturação e manutenção daquele prédio que vêm sendo promovido pela
Associação do Mercado Público de Porto Alegre. O Ver. Vicente Dutra, em nome da
Bancada do PDS, cumprimentou os usuários, permissionários e a própria Cidade
por contar com um espaço tão rico e característico em aspectos históricos como
é o Mercado Público, e congratulou-se com o Ver. Valdir Fraga pela iniciativa
de promover tão justa e merecida homenagem. O Ver. Ervino Besson, em nome da
Bancada do PDT, narrou passagem de sua vida relativa à primeira visita que fez
ao Mercado Público de Porto Alegre. Discorreu sobre a tradição que envolve
aquele espaço e salientou o atendimento igualitário que os comerciantes dispensam
a toda a população desta Cidade. E o Ver. Artur Zanella, em nome da Bancada do
PFL, asseverando ser o Mercado Público de Porto Alegre "um grande
hipermercado", falou do aspecto histórico desta Solenidade, especialmente
por ser a última, em homenagem ao Mercado Público, a ser presidida pelo Ver.
Valdir Fraga, eleito Deputado Estadual. Discorreu sobre sua experiência como
Secretário Municipal da Indústria e Comércio e das lutas empreendidas por
diversos Setores desta Cidade em defesa daquele espaço e tombamento daquele
prédio. Após, o Senhor Presidente registrou a presença em plenário do
ex-Vereador Reginaldo Pujol e, em continuidade, concedeu a palavra ao Sr.
Antônio Dias de Mello, Presidente da Associação do Mercado Público que, em nome
da entidade, agradeceu a homenagem prestada, discorrendo sobre a história do
Mercado Público de Porto Alegre e sobre sua estreita ligação com a comunidade
desta Cidade. Às dezoito horas e oito minutos, o Senhor Presidente levantou os
trabalhos da presente Sessão, informando aos presentes que seria realizado, no
Restaurante deste Legislativo, Coquetel oferecido pela Associação do Mercado
Público de Porto Alegre e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver.
Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Ervino
Besson, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Ervino Besson,
Secretário “ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e
aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e lº Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Dou
por abertos os trabalhos da presente Sessão que é destinada a assinalar os 121
anos de existência do Mercado Público de Porto Alegre, requerida por este
Vereador e aprovada por unanimidade por esta Casa.
Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que
conduzam ao Plenário as autoridades e personalidades convidadas. (Lê.)
“Festejamos, nesta tarde, senhoras e
senhores, a passagem de mais um aniversário de fundação do Mercado Público
Municipal, transcorrido no dia três do corrente mês, quando completou 121 anos
de existência.
Construído na segunda metade do século
passado, na Praça XV de Novembro, o Mercado Público, a despeito de mais de um
século de atividade, continua ativo e muito grande, contando com os serviços de
120 bancas, voltadas especialmente para o comércio de gêneros alimentícios.
O Mercado Público tornou-se, na realidade,
um verdadeiro atrativo, não só para os turistas que nos visitam como, também,
para todos os gaúchos, caracterizando-se por ser o único mercado varejista
obedecendo a um estilo eminentemente próprio.
O reconhecimento da Câmara Municipal,
portanto, a todos aqueles que participam de seu dia-a-dia; notadamente aos seus
permissionários, dispostos em torno dos 10 mil metros quadrados desse
verdadeiro monumento histórico, sediado no Centro de Porto Alegre. Muito
obrigado.”
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Clovis Ilgenfritz, pelo PT, nosso
ex-Secretário do Município, onde teve a sua passagem marcante, também dando a
sua atenção especial a esta solenidade.
O SR.
CLOVIS ILGENFRITZ: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, também Deputado Estadual, Exmo
Sr. Antônio Dias de Mello, Presidente da Associação do Mercado Público de
Porto Alegre, Sr. Ernesto Teixeira, Diretor Administrativo da CEASA, senhoras e
senhores, companheiros colegas Vereadores.
Sinto-me sumamente honrado por este convite
feito pelo Ver. Valdir Fraga, Presidente desta Casa, ao ocupar a tribuna, neste
instante, embora num total improviso, mas me sinto também a vontade porque
conheço a maioria, quem sabe, a todos os senhores aqui presentes, e lembro-me
muito bem dos vários e inúmeros contatos que nós temos tido nestes últimos
anos. Lembro-me também que nós fizemos no aniversário do ano passado um bolo
enorme, que nós fizemos, comemos e não fez mal, estava bom o bolo, e temos
também uma ligação histórica com o Mercado, por sermos arquitetos, estarmos na
área da Arquitetura, na época como Presidente, participando das atividades da
categoria, sempre numa defesa ferrenha daquele patrimônio cultural, histórico,
arquitetônico, que é o Mercado. Não é demagogia, mas o Mercado é um dos lugares
em que dá maior prazer visitar, passar nas bancas. Há sempre coisas boas ali, e
também pelas pessoas, encontramos sempre um amigo por ali, que a gente
encontra. Eu sou freguês do Mercado. Mas, deixando o Clovis de lado eu queria
dizer que, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em nome de nosso
Partido, queria cumprimentar os dirigentes da Associação, das entidades aqui
representadas, cumprimentar a todos os senhores e senhoras pelo aniversário e
também o nosso Presidente pela iniciativa de fazer com que este ato se
realizasse. E, mais uma vez, agradecer pela honra de poder dar este abraço
publicamente aqui a tantas pessoas que têm contribuído enormemente para que a
nossa Cidade mantenha um ponto de encontro dos mais aprazíveis, que não é só
para fazer compras, mas para nos encontrarmos. Quem vai ao Mercado, como eu
tenho ido seguidamente, sabe do que estou falando. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Omar Ferri, que falará pelo seu Partido, PSB.
O SR. OMAR FERRI: Sr.
Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara de Vereadores, Srs. Vereadores e demais
presentes.
Meio desprevenido, pego mais de surpresa do
que preparado para um discurso, me vejo na contingência de me louvar nas
palavras proferidas pelos oradores que me antecederam. E dizer aos meus amigos
que compõem esta Mesa que também sou um daqueles milhões de cidadãos de Porto Alegre
e da Grande Porto Alegre e interior do Rio Grande do Sul que com muita
regularidade freqüentam o Mercado Público. Eu digo com muita regularidade,
porque houve épocas em que eu advogava e o meu escritório ficava próximo ao
Mercado, e recordo, com nostalgia, que regularmente almoçava no Gambrinus com
amigos meus.
Vejo na minha frente numerosos
comerciantes, várias pessoas, proprietários de pequenos armazéns, de bancas, de
minissupermercados, estabelecidos no Mercado Público de Porto Alegre. Pessoas
que com muita gentileza e muita amabilidade sempre atendem muito bem a mim como
a todos os consumidores desta Capital e do Rio Grande do Sul, a preços
compatíveis com as nossas aspirações de pagadores pelos produtos que
adquirimos.
Eu conheci o Mercado Público, em 1942
quando eu vim para Porto Alegre pela primeira vez para consultar um médico de
olhos. Me lembro que a primeira visita que fiz no Mercado foi na sorveteria,
Banca nº 40, para comer um sorvete. E, depois por muitos anos eu fui mero
cliente, mero assistente das coisas do Mercado Público. Até que num determinado
momento a imprensa e alguns setores da política começaram a assinalar que seria
bom que o Mercado Público abrisse seus portões aos domingos pela manhã. Ouvindo
prós e contras um dia resolvi saber da opinião dos proprietários das bancas.
Fui recebido pelo Sr. Antônio Dias de Mello e pelo Sr. Cláudio Klein, e se não
me engano por uma terceira pessoa que agora não lembro quem foi. E me
informaram que seria de muita complexidade em todos os setores administrativos,
fiscais, trabalhistas e muito mais do que isto que seria até doloroso para quem
trabalha todos os dias da semana, sem parar, não haver descanso aos domingos.
Só problemas de pessoal, problemas
trabalhistas, seriam quase que incontroláveis, não era mais possível andar para
trás. E não havia nenhuma viabilidade para que isto ocorresse. Me inteirei de
tudo isto e me inteirei muito mais, porque um primo fora açougueiro lá, há
questão de um ano e meio atrás, do grau de exaustão que os proprietários e
funcionários dessas bancas chegam aos sábados a tarde. Determinar a abertura no
domingo seria exigir uma espécie de plus laboral-administrativo
inconcebível. Retornei com esta idéia formada e felizmente ao que me parece as
notícias também desapareceram dos jornais e das rádios.
Fiz esta pequena intervenção para abrir um
parêntese, dizer que naquela ocasião, tanto o Mello, como o Klein me levaram
praticamente por todo o Mercado, banca por banca, fizeram questão de me mostrar
as inovações que a Associação deles mantêm, como foi o caso da reconstrução
total do sistema de comunicação elétrica, dentro das técnicas atuais do avanço
tecnológico. E os gastos enormes e o sacrifício e os cuidados, e o trabalho e o
carinho com que aqueles detentores das bancas e os administradores da
Associação têm para aquele Mercado, muito mais o Mercado Público se transformou
hoje pelo carinho que eles têm, na casa deles e na casa nossa. No Mercado
Público eu tenho talvez mais de 50 amigos e quando chego lá brinco com eles e me
sinto em casa. De tal maneira que estou muito satisfeito, muito feliz, muito
contente em poder participar deste evento, desta solenidade e proclamar a minha
satisfação de estar aqui presentes e louvar tranqüilamente aqueles que só
souberam com seu trabalho e com seu sacrifício engrandecer a economia, o
comércio, a indústria, as atividades gerais do Município de Porto Alegre.
Parabéns ao aniversário do Mercado Público;
parabéns a todos os senhores e senhoras extensivos a seus familiares, e
parabéns à comunidade de Porto Alegre que tem um Mercado à altura da sua
história e da sua tradição. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Vicente Dutra, fala em nome do PDS.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores componentes da Mesa, realmente o meu será um
improviso, improvisado mesmo. Volta e meia se faz um “improviso”, mas se
prepara antes. Mas vejo que a Bancada do PDS não estava inscrita, e o Ver.
Artur Zanella, que deveria falar pela Bancada, por algum motivo, certamente
muito importante, ficou trancado em algum ponto, ele não está presente aqui,
porque o Ver. Artur Zanella é um dos mais entusiastas pelo Mercado Público.
Quero dizer, em nome da Bancada do PDS e do
PFL, da nossa satisfação e dos nossos cumprimentos e assim o fazendo tenho
certeza que estamos traduzindo uma significativa parcela da população de Porto
Alegre em homenagear o nosso Mercado Público. Eu me sinto duplamente satisfeito
porque, como cidadão de Porto Alegre, tenho orgulho do nosso Mercado e até me
recordo que uma vez, lá no gabinete do Sen. Tarso Dutra, no Rio de Janeiro,
estava lá um cidadão que era irmão do Vicente Celestino, Radamés Celestino era
o nome dele, e ele então citava que Porto Alegre o surpreendia por duas coisas:
por muitas mulheres dirigindo carros em Porto Alegre, naquela ocasião, e pela
Banca 40, banco do sorvete, o melhor sorvete do Brasil. Os cumprimentos, aqui,
à famosa Banca 40. Este depoimento depois eu colhi de outras pessoas, também
referente ao Mercado. Sempre impressionaram aos visitantes que vieram a Porto
Alegre, este estado de apresentação do nosso Mercado.
Eu me sinto também, além de cidadão,
satisfeito porque tive parentes lá no Mercado. Eu tive um tio-avô que foi,
durante muitos anos, permissionário no Mercado também e acho que o Mercado
Público é um dos territórios em Porto Alegre onde tem o maior número de
calabreses, Ver. Omar Ferri, por metro quadrado. E no passado tinha muito mais
e os calabreses ali se encontravam. Era ponto de encontro dos calabreses, porque,
sabem, os calabreses sempre são do comércio.
Eu cumprimento o Presidente pela iniciativa
muito feliz de registrar nos Anais da Casa a passagem de mais um aniversário do
nosso Mercado. E, só me resta, então, transmitir aos senhores permissionários,
a todos aqueles que utilizam e, por que não, à população de Porto Alegre, os
nossos cumprimentos pela beleza da apresentação. Eu vejo o Klein, também, e
esta semana ainda estive lá comprando uma boa schimier, uma marmelada,
depois de haver passado na Banca 2, onde sempre compro a erva. Aquela erva que
não tem marca, é erva 2 da Banca 2.
Quero, então, trazer o meu profundo abraço
aos Senhores e dizer que continuem, não tem que mudar nada no Mercado. Continue
assim como está porque “em time que está ganhando bem não se mexe”. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Ver. Ervino Besson, que falará em nome de sua Bancada,
o PDT.
O SR. ERVINO BESSON: Ilmo
Sr. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, hoje, com
muito mérito, nosso Deputado Estadual eleito, Srs. componentes da Mesa,
Senhoras e Senhores.
Onze de agosto de 1959 foi o dia em que
pisei na Cidade de Porto Alegre. Este dia foi muito assustador para mim porque,
saindo lá de... Na região onde residíamos, Tapera, um lugar muito distante
daqui, e veja Sras e Srs. o vizinho mais perto ficava a quinhentos
metros. O resto era só sertão. Vejam que chegando numa cidade que nem Porto
Alegre, eu e meu irmão mais velho ficamos assustados. Mas a primeira visita que
fizemos foi ao Mercado Público, fazer umas compras. Isto foi uma coisa que
ficou muito marcado para mim e tenho certeza para o meu irmão mais velho
também: foi a gentileza de como fomos atendidos no Mercado. Fomos comprar erva,
porque o chimarrão era primordial, poderia faltar tudo em casa, menos o
chimarrão. Compramos erva, fizemos mais umas compras e, na volta, ainda
assustados pela Cidade de Porto Alegre, lógico, aí comentando com meu irmão à
noite a maneira como fomos recebidos dentro do Mercado Público, a satisfação
daquelas bancas em que nós chegamos. Aquilo nos deu uma tranqüilidade de
iniciar uma nova luta, uma nova vida aqui na Cidade. Portanto, Sr. Presidente,
Senhoras e Senhores, isto foi uma coisa que ficou muito marcado dentro de nós. Não
me recordo muito bem, mas nós trabalhávamos aqui em Porto Alegre de segunda à
sexta à noite e no sábado, quando nós íamos visitar nosso falecido pai que
residia em São Leopoldo numa chácara - isto era sagrado - a nossa passagem no
Mercado Público. Lá nós comprávamos o peixe, enfim, diversos mantimentos que
nós levávamos até a casa do nosso falecido pai.
Portanto acho que cada munícipe, aqui da
Cidade de Porto Alegre, tem uma história gravada dentro de si do Mercado
Público. Portanto, o Ver. Valdir Fraga foi muito feliz em homenagear o Mercado
Público porque o Mercado Público tem tudo, ali a gente encontra de tudo para
todos os gostos. Lá vão pessoas de maior ou menor poder aquisitivo que sempre
encontram alguma coisa para levar para a sua casa. Me sinto extremamente
gratificado de estar aqui, prestar homenagem a vocês que representam diversas
bancas dentro do Mercado Público. E tenho certeza de que a Cidade de Porto
Alegre está de parabéns, porque tem o Mercado Público para atender a sua
população. Repito, mais uma vez, ninguém sai sem nada de dentro do Mercado
Público; pessoas com maior ou menor poder aquisitivo entram no Mercado Público
e sempre encontram alguma coisa para levar para a sua casa.
Portanto, é uma satisfação nós estarmos
aqui com vocês, prestar-lhes esta homenagem e, tenho certeza, esta homenagem se
estende a todo o Município de Porto Alegre. Foi uma satisfação para mim, foi
uma gratidão vir a esta tribuna e dedicar esta mensagem a vocês.
Parabéns, representantes do Mercado
Público! Parabéns ao Presidente desta Casa que teve esta brilhante iniciativa e
parabéns a todos vocês. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Ver. Artur Zanella em nome do PFL.
O SR. ARTUR ZANELLA: Exmo
Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, meus
senhores, minhas senhoras, Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, gostaria de
agradecer ao Ver. Vicente Dutra, velho amigo, colega e companheiro, por ter
dito algumas palavras em meu nome, o que fará com que eu fale menos ainda.
Mas, efetivamente, os senhores que nos
visitam não imaginam o que está ocorrendo nesta Casa com este problema,
principalmente, do transporte coletivo em nossa Capital. Nós participamos a
manhã inteira de reuniões. Agora houve uma reunião na Secretaria Municipal dos
Transportes e continua na verdade ainda sendo transmitida por meio de
comunicação desta Cidade, a Rádio Bandeirantes, se tentando conseguir uma forma
de tranqüilizar a Cidade, tranqüilizar a todos. Os senhores que trabalham ali
no Mercado, alguns toda a sua vida, são os que identificam, em primeiro lugar,
os problemas dessa área, porque o Mercado, eu sempre digo isso, é o grande
hipermercado da Cidade. O que é um hipermercado? É aquele que apresenta uma
série de lojas e de produtos, com estacionamento fácil, para que as pessoas, de
automóveis, possam ir lá comprar. O Mercado não tem estacionamento, mas tem ali
as linhas de ônibus e do Trensurb, transformando aquilo no grande shopping
center, no grande hipermercado, principalmente da classe média e daqueles
que mais precisam. A pessoa que tem problemas econômicos nem entra num
supermercado para comprar ¼ de quilo de carne, ½ dúzia de ovos, ¼ de quilo de
erva, e, efetivamente, aquele conjunto ali, que eu me arriscaria dizer com
certa contrariedade de alguns, com os ambulantes e com os camelôs, que é uma
questão muito discutida.
Mas eu queria falar hoje, porque esta é a
última Sessão em homenagem ao Mercado que será presidida pelo Ver. Valdir
fraga, que, muito merecidamente, recebeu desta Cidade e deste Estado, uma
mandato como Deputado Estadual. (Palmas.) Faço questão de registrar, porque não
é fácil alguém se eleger só por Porto Alegre. Há cinco ou seis casos na
história de Vereadores que se elegeram, com voto de Porto Alegre, a Deputado. A
maior parte deles são comunicadores. Não passam de seis ou sete. Mas eu queria
dizer que eu posso levar na minha vida muitas coisas boas que a marcarão
profundamente, para o bem e para o mal, mas nunca esquecerei que, por uma dessas
coisas da vida, da política, deste cargo, em que nós não nos comandamos, eu
tinha sido indicado para Secretário de Produção e Abastecimento de Porto
Alegre. O Ver. Vicente Dutra conhece bem esta história. E cinco minutos antes
de ser anunciado como Secretário de Produção e Abastecimento, eu soube que eu
não seria mais Secretário de Produção e Abastecimento, que eu seria Secretário
dos Transportes, ou Secretário da Administração do Governo Villela. E ficamos
eu e o Jarbas Haag numa sala discutindo com o então Prefeito Villela, quem iria
para os Transportes e quem iria para a Administração do Município. Como eu era
formado em Administração e o Jarbas Haag já tinha trabalhado em Campina, eu fui
Secretário da Administração e uma das primeiras visitas que eu fiz foi ao
Mercado Público. Eu era Secretário da Administração do Município e fui visitar
dois postos de atendimento médico em cima do Mercado. Era uma mistura de banca
com doentes, com médico, porque lá em cima do Mercado estava instalada a
Biometria médica, e estava instalado o Instituto de Reumatologia. Vejam os
Senhores, em cima do Mercado. E consegui tirar os dois.
Troquei a Biometria, Dr. Buss, com
biometria e médicos, com a obrigatoriedade da Secretaria de Saúde retirar de lá
aqueles atendimentos que lá ocorriam.
E em junho, no meio de uma reunião,
terminei, aí sim Secretário de Produção e Abastecimento, que se transformou na
SMIC. E uma das primeiras visitas que fiz de novo foi ao Mercado Público. Fui
no Mercado Central e a crítica era toda essa: que os permissionários queriam
arrumar suas bancas, mas a Prefeitura não tinha o menor interesse no assunto
porque ia demolir o Mercado. E na ida aos órgãos técnicos da Prefeitura, eles
iam ter que demolir porque os permissionários não consertam e está tudo caindo.
E até me provaram que os carros para entrarem na Júlio de Castilhos perdiam
dois segundos, que, multiplicado pelo número de dias, etc. e tal, no final do
ano dava uma economia tremenda, sendo que na esquina do Palácio do Comércio
perdia todos esses dois minutos e segundos. Então ali se bolou, um que estava
presente na reunião, que eu não vejo aqui, que era o Salami, mas os que estão
aqui na Mesa todos estavam lá. Então se bolou que em vez de fazer um velório do
Mercado se faria a comemoração do aniversário, com bandas, balões, etc. Isto
foi no ano de 1976, fizeram um baile, um jantar, e eu fiquei um ano apenas
nesta Secretaria, participei de dois aniversários e aquilo terminou com uma
pequena reforma, alterações, etc. Eu lembro até daqueles que aqui não estão
mais, lembro do velho Martins, que sempre terminava a história, não em samba,
mas num sorvete. Foi um trabalho muito grande, Sr. Presidente, da época, nós
criamos o que se chamava Comissão de Defesa do Mercado. Éramos os mais
eminentes jornalistas desta praça. Éramos 12 ou 15. Eram o Luiz Fernando
Veríssimo, o Galvani, o Marco Antonio, o Luiz Inácio Medeiros, o Sérgio
Jockymann, que, em reuniões, eram um fracasso total. Eram 12 e não aparecia
nenhum praticamente. E no outro dia, porém, nas suas colunas diziam: “Ontem
teve reunião lá e nós temos que manter o Mercado”. E aquilo tudo me faz lembrar
tudo isto, Sr. Presidente, porque nós temos que colocar isso nos Anais, temos
que colocar isto na história.
Quando houve o encaminhamento da primeira
lista dos prédios tombados em Porto Alegre, não se imaginou que se precisasse
tombar a Santa Casa, a Igreja e o próprio Mercado que eram assim considerados
intocáveis a partir daquele momento. E até, naquela oportunidade, foi um ano
quase depois, o então Vereador e jornalista Francisco Paulo Santana, por uma
Emenda, incluiu o Mercado como um dos bens arquitetônicos tombados na Cidade de
Porto Alegre. Digo tudo isto, Sr. Presidente, caindo um pouco na nostalgia,
porque não há nada, estou vendo aqui o ex-Vereador Reginaldo Pujol, que me
sucedeu na Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio e participou
com o Sidnei Silveira de tudo isto que estou contando. Parabéns, Dr. Pujol,
meus cumprimentos e obrigado por sua presença. Mas digo tudo isto para que fique
na história e que se reconheça que uma cidade não são somente os seus prédios,
por mais bonitos que eles sejam, porque os prédios têm almas, não são somente
as suas pessoas, mas é união de tudo isso, é esse espírito do Mercado que nós
estamos hoje enaltecendo, e é por esse espírito - tenho certeza - que o Ver.
Valdir Fraga pediu esta Sessão porque existem shopping centers mais
poderosos e quem sabe mais bonitos pela sua modernidade do que o Mercado.
Entretanto, nunca existirá e nunca vai haver, principalmente para aqueles que
conhecem, por exemplo a história de Portugal e ouviram falar no Mercado da
Figueira, que foi incendiado em Portugal, em um terremoto, sempre haverá a
lembrança de que esse prédio vai suceder a todos nós, dos nossos filhos, nossos
netos, terão um ponto de referência, porque o Mercado qual uma família sempre
os abrigará. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A
presença do Ver. e amigo Reginaldo Pujol já está registrada, mas nós convidamos
V. Exª para participar junto conosco, ficando junto com o Ver. Ervino Besson.
Concedemos a palavra ao Dr. Antônio Dias de
Mello, Presidente da Associação do Mercado Público de Porto Alegre.
O SR. ANTÔNIO DIAS DE MELLO: Ilmo
Sr. Dr. Ver. Valdir Fraga – nosso amigo Zanella disse há pouco seria a última
vez que seria chamado Vereador, então também vou usar para dizer pela última
vez Vereador e pela primeira como ilustre Deputado do nosso Estado do Rio
Grande do Sul. Exmo Sr. Cláudio Klein, Vice-Presidente da
Associação, Dr. Hélio Corbellini, representando nosso querido amigo Prefeito
Olívio Dutra; Dr. Milton Pantaleão, representando a nossa Secretaria da
Indústria e Comércio, Sr. Silvino e o Ernesto, meus caros colegas. Os nossos
antecessores, Dr. Clovis, Dr. Omar Ferri, Vicente Dutra, Ervino, Zanella,
Pujol, senhoras, senhores aqui presentes. Eu acho, não presencio reuniões desta
Câmara, mas acho que em poucas ocasiões houve uma reunião em que uma entidade
seja homenageada por uma entidade que também deve ter parte destas homenagens.
E vou dizer o porquê: segundo consta na nossa história, o primeiro espaço
surgido em Porto Alegre para ser nesta Cidade foi na Praça da Quitanda – isto
lá pelos anos de mil oitocentos e pouco – hoje Praça da Alfândega. O segundo
caracterizado como tendas, surgiu a Praça Paraíso, Conde D’Eu, e hoje Praça XV
de Novembro.
O primeiro mercado a ter uma característica
de mercado surgiu na Praça XV, por uma iniciativa do Dr. Saturnino de Oliveira.
E o nosso mercado, com uma planta realizada em 1857, com a pedra fundamental
lançada em 1864, inaugurado em 3 de outubro de 1869.
Teve em todos estes momentos a presença de
uma Câmara, de um representante público.
Então, a vida do Mercado está, sem dúvida
nenhuma, ligada a vida da comunidade de Porto Alegre. A estes representantes
que na época eram a Câmara Municipal de hoje.
O nosso Mercado, inaugurado em 3 de outubro
e 1869, teve um incêndio em julho de 1912, quando ainda tinha só um primeiro
piso e foi reinaugurado, então com dois pisos, por obra do Prefeito da época,
Dr. José Montaury, em 1914.
(Exibe posters feitos no ano
passado, por ocasião da passagem do aniversário de seu restaurante.)
O SR. ANTÔNIO DIAS DE MELLO:
Reconstruído então em 1914, sofreu uma enchente em 1941, teve, como disse o
nosso querido Ver. Zanella, a fundação da sua Associação em 1967, isto, talvez,
já como a necessidade de haver uma estrutura para manter a conservação daquele
prédio que passou aquele período crítico, quando havia uma pressão muito forte,
realmente, para demoli-lo; aí, teve novamente presente a Câmara de Vereadores,
os jornalistas da época. E acho que é uma batalha que se pode dizer vitoriosa.
Recentemente, em um discurso proferido no
Mercado, por ocasião do seu aniversário, dia 4 de outubro, eu disse: O Mercado,
no seu conteúdo material, no seu tijolo, no seu cimento que ali contém,
constitui o seu corpo. Acho que na sua história, nas histórias que têm as 120
bancas, no período das 121 anos, que é um período bem longo, está o seu
espírito. Acho que nesta integração do Mercado Público com a comunidade está o
seu alimento. E hoje, nesta Sessão, eu diria que estaria o seu batismo. O
Mercado, no futuro, quando ele for velho - hoje é um jovem -, há de deixar
registrada esta data como a data de seu batismo. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós
já estamos nesta Casa há 13 anos, desde 1977, mas a reunião de hoje foi mais
tranqüila e mais sincera do que se nós estivéssemos fazendo uma reunião de
aniversário na minha casa com alguns amigos. Ela foi tão amiga, tão
sentimental, de coração. Se sentiu no coração de cada um dos Vereadores que se
pronunciaram, nós aqui na Mesa surpreendendo a maioria dos Vereadores,
inclusive, mas por saber que eles tem um carinho muito grande pelo Mercado
Público, como toda a nossa comunidade porto-alegrense. E não precisaria dizer
para os Senhores e Senhoras que onde se visita um Estado, a gente recorre
sempre ao Mercado. E não tem um Mercado tão limpo como o nosso, não por nós
sermos gaúchos apaixonados, porto-alegrenses ou rio-grandenses. E não existe
uma simpatia tão grande de atendimento e carinhosa como as senhoras e os
senhores, seus pais que por ali passaram também testemunharam. Por isto que
está existindo esta sintonia, Dr. Hélio Corbellini, que representa neste ato o
Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Olívio Dutra. Esta amizade existe entre
os senhores permissionários, entre os funcionários, este atendimento carinhoso
à nossa Cidade, aos nossos munícipes. Por isto é que me sinto muito honrado,
muito satisfeito por estar aqui com os senhores neste momento, juntamente com
meus colegas Vereadores e também com os funcionários. Cumprimentando pelos 121
anos e, como disse o Ver. Vicente Dutra, “não se mexe em time que está
ganhando”.
Continuem assim, por favor, para que nós
possamos continuar nos orgulhando da nossa Cidade, e que as pessoas que venham
nos visitar, que venham ao Mercado Público, possam sair daqui impressionadas
pelo carinho que nós transmitimos a quem nos visita.
Muito obrigado pelas suas presenças, à
Diretoria, meus cumprimentos também ao Hélio, ao companheiro também da
Indústria e Comércio; às empresas que atendem ao Mercado Público, que estão
aqui presentes.
Um abraço a todos e torcendo para que no
próximo ano estejamos juntos, se Deus quiser, homenageando os 122 anos do nosso
Mercado Público. Não podemos deixar o Mercado Público sem a nossa atenção.
Obrigado a todos.
Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 18h08min.)
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